fbpx

Slow Deco – Devagar se vai ao… Lindo!

Nestes tempos estranhos, em que repensamos a vida, a nossa e a do planeta, revalidamos urgências ambientalistas e renegamos extravagantes formas de estar, de produzir, de consumir e de vivenciar o mundo, agigantam-se novas estéticas que resultam da necessidade de tornar tudo mais simples e harmonioso, mais duradouro e fiável, mais confortável e consciencioso. Na decoração, o slow deco é um desses movimentos estéticos, enraizado numa filosofia de apego ao que é natural, descomplicado, aconchegante e afetivo. Uma decoração quente, significativa, que reflete na casa, aquilo que é de vital importância: o nosso conforto e bem-estar e que promove o nosso compromisso com a saúde do planeta. Também neste caso, devagar se vai longe.

Casas que dão abraços

Slow deco, ou, se quisermos, decoração vagarosa, valoriza as sensações, a história das coisas, a sua origem, as emoções e o bem-estar que cada objeto e o somatório de todos eles suscitam numa casa. Na decoração slow tudo e qualquer coisa tem de ter um propósito, uma função, uma razão de ser. Isto resulta tanto em funcionalidade, como em economia de peças e quanto a estas, bem, elas têm de nos dizer algo, falar ao nosso coração. Tudo tem ainda de ser resistente, duradouro, prever todos os terramotos e sobressaltos, alegrias e acrescentos, mudanças e crescimentos – pessoais e familiares – que cada vida comporta. O resultado é qualquer coisa a meio caminho do minimalismo – mais frio e desapegado – e o hygge (espírito dinamarquês que reverencia o bem-estar e que na decoração se traduz em conforto simples e com significado).

Basicamente, uma decoração slow dispensa tudo aquilo que é mero acessório ou excessivo, focando a sua abordagem na resiliência do que é essencial, apetecível, prático e confortável. Isso ecoa na eleição dos materiais – naturais e produzidos de modo ético e sustentável –, nas formas – depuradas e ergonómicas – e na disposição do próprio espaço – virado para o exterior e favorecendo a entrada de luz natural, para que não se perca a alvorada nem a luz dourada do final do dia a entrar pela janela.

Uma casa slow deco é, assim, uma casa que sabe receber, confortar, envolver os seus habitantes, facilitar-lhe a vida, promover-lhe o bem-estar e fazer com que um novo universo comece logo que se entra e fecha a porta. Resumindo, é uma casa que sabe abraçar, acolher e confortar. Uma casa onde a cor dominante é o bem-estar e a atmosfera está vocacionada para a saúde mental, a harmonia e a felicidade.

Design biofílico e estética escandinava

No universo urbano-tecnológico, de proporções e arquitetura industriais e massificadas em que nos movemos, foi-se aprofundando o fosso entre a existência quotidiana dos indivíduos e das comunidades e a Natureza, seja ela fauna ou flora. Essa desconexão com outros sistemas vivos é duplamente insana – não apenas não sobreviveríamos sem o ecossistema, como sem ele somos mentalmente mais instáveis e infelizes – e tem alimentado a soberba humana e potenciado formas de agir que ferem de morte o planeta.

Para construir a sua harmonia, o slow deco pega em toda essa consciência e alia-se a estilos como o design biofílico, que aposta em venerar os ambientes naturais, introduzindo-os na própria conceção arquitetónica e urbana e transportando-os mesmo para o interior de casa, onde plantas, flores, vegetação, telhados de relva, canteiros verticais ou pequenas hortas são, mais do que uma realidade, uma necessidade. Tudo em nome da promoção do bem-estar humano e do restabelecimento da ligação entre Homem e natureza que nunca deveria ter sido descurada.

O design e a estética escandinavos, também eles adeptos da simplicidade, funcionalidade, organização meticulosa e harmonia, assentes em materiais naturais preferencialmente manufaturados, são outra bíblia do slow deco. Madeira, pedra, fibras naturais, bambu, verga, cobre, latão, barro, cerâmica, terracota, pigmentos naturais e plantas são os materiais de todas estas linguagens estéticas, pela simples razão de que podem e devem ser produzidos de forma ética e sustentável, dispensam a indústria do petróleo e, o mais significativo, ligam o interior ao exterior, o Homem à Natureza e conectam diversas vidas, diferentes universos: humana, animal, mineral e vegetal.

Podemos acrescentar ainda o estilo mediterrânico, provençal, rústico ou campestre, na medida em que também eles vivem em harmonia com o meio, respeitam esse equilíbrio, esse apreço pelo natural e orgânico, pelo manufaturado e consciencioso. Tudo conflui para ambientes sólidos, protetores, cálidos, tranquilos, harmoniosos e onde o sossego e a beleza, o conforto e a segurança dizem inegavelmente que se chegou a casa. Ao ninho. Ao colo necessário. Um colo a que a pandemia deu redobrada importância e de onde resultou seguramente o reforço e a necessidade de casas afetivas, com valor emocional acrescido, onde as coisas, os objetos nos contem histórias, encapsulem memórias e nos rasguem sorrisos no rosto. Só uma casa assim é um verdadeiro lar, local de sossego, seguro e inspirador.

Intuitivo e inteligente

Numa casa slow deco, tudo está à mão, tudo tem o seu lugar e a sua função e tudo se dispõe de forma rigorosa, metódica e intuitiva, para tornar prática a sua utilização, sem ter de se pensar onde se guardou o que quer que seja. Não há medo de expor o que muitos gocultam em armários, nem receio de os guardar em móveis de linhas simples, feitos de materiais nobres, onde a madeira é imperatriz. Tudo é aceitável, desde que não haja excesso de informação, que a estética não se sobreponha à funcionalidade, que o conforto não seja prejudicado. A slow deco coloca todos os elementos decorativos ao serviço do bem-estar, conforto e funcionalidade. A beleza resulta da simplicidade das soluções, dos materiais naturais, dos tons terra e da forma como tudo conflui em recantos que nos aguardam, desenhado especificamente para certas tarefas ou atividades e em atmosferas sedutoras, quentes e envolventes, onde o design minimal ou tradicional é valorizado. Premissas que não comprometem qualquer estética que se privilegie, podendo assumir um rosto sofisticado ou rústico, de pendor nórdico ou provençal.

Mais do que de dinheiro, é necessária intuição, sensibilidade e sentido prático. Um canto de leitura, uma cozinha funcional, sofás ergonómicos, um colchão confortável, água a sair de torneiras, uma vista onde haja árvores, um bom café fumegante ou uma refrescante limonada, o céu como vizinho e alguns parceiros de coração. A vida pode ser simples, nós é que tendemos a complicá-la.

Conceção slow deco

  • Espaços amplos
  • Luz natural
  • Objectos ergonómicos
  • Funcionalidade
  • Simplicidade
  • Método
  • Organização
  • Espaços e mobiliário ergonómicos
  • Tons natura

Materiais slow deco

  • Madeira
  • Pedra
  • Latão
  • Cobre
  • Bambu
  • Canas
  • Vime
  • Fibras naturais (lã, seda, linho, algodão)
  • Barro
  • Terracota
  • Cerâmica

Imprescindíveis slow deco

  • Objetos com história
  • Memórias afetivas
  • Animais e plantas
  • Intuição

Umas luzes

Neste primado do conforto, a luz é de importância extrema. Desde logo, a luz natural, a qual é idolatrada, orientando-se para ela, e para qualquer janela que permita a sua entrada em casa, toda a decoração. Na sua ausência, reverenciam-se os candeeiros, quase nunca os de teto. A criação de conforto obedece a apontamentos de luz, à sua pensada distribuição pelos cantos e recantos da casa, em função de zonas de trabalho, descanso, leitura ou apenas de lazer. Porque cada zona requer tipos e intensidades de luz distintas, não podendo tudo ser iluminado de igual forma com iluminação de teto, mais ampla e menos pessoal. Alguns desses apontamentos são apenas luzes de presença, pontos de fuga, detalhes que aportam conforto ou indicam caminhos.

Uma decoração ‘lenta’, vagarosa e emotiva requer ambiente, sensualidade e pormenores que demarquem a casa de todos os restantes lugares do mundo. Detalhes e recantos iluminados, peças destacadas por focos de luz, manuseados como marionetas numa peça bem encenada, que leva à boca de cena objetos afetivos, envoltos num conforto singular e rodeados por atmosferas aconchegantes, douradas por luzes mágicas. Castiçais e candelabros, com velas adornadas já por colares de cera derretida, garantem que a casa é vivida, amada. Que a casa é lar e ninho, onde os livros acusam a passagem dos dedos e as páginas estão dobradas e onde há palavras sublinhadas e anotações manuscritas nas passagens que mais nos marcam. Leituras que se fazem à luz da chama em viva de uma lareira de interior ou exterior, ou à sonolenta luz das velas ou de candeeiros que à sua funcionalidade somam protagonismo decorativo.

Candeeiros de madeira, pedra, ferro ou cerâmica de formas orgânicas e manufaturados são uma premissa de todo este conceito, de afetos feito. Mais ainda quando eles próprios transportam pedaços do mundo exterior natural para o interior da casa. Nesse patamar encontram-se os candeeiros de madeira ‘slow’ da Light It Be, bem como os nossos ‘veleiros’, portadores de velas e de atmosferas inebriantes. Nascidos e criados no campo, ao ar livre, alimentados de seiva pura e sol direto, regados pela chuva e moldados pelo vento, também eles tomaram o seu tempo para se tornarem, bem devagar, nos troncos fortes e resistentes que se enfeitaram de folhas e ofereceram sombra e que agora dão luz. A nossa luz.

A lentidão – o aqui explanado ‘slow’ – aplica-se ainda aos procedimentos rudimentares, artesanais e manuais com que os trabalhamos e acarinhamos na nossa Oficina da Luz. Fazemo-lo sem saltar etapas, até estarem prontos para iluminarem a sua casa, a sua vida, o seu espírito, com a naturalidade e generosidade que só uma árvore poderia ainda dispensar. Porque há árvores que não morrem, iluminam-se! As nossas são dessas.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

0

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Carrinho

loader