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Outonistas

Fall in love

Somos outonistas. Amantes confessos do outono. Das suas cores. Dos seus amores. Dos seus aromas. Dos tapetes de folhas. Do seu total encanto e romantismo. Disfarçada de nostalgia, esta é uma das mais vibrantes estações do ano, não um mero apeadeiro ou simples antecâmara de frios mais rigorosos, ou mero fim de verão. O outono tem identidade e vida próprias. Muito próprias. Inteligente, elegante, vaidoso, rigoroso e atarefado. O outono sabe o que aí vem. Sente-o na casca fria e rija das árvores, no amarelecer das suas folhas, cujo frio seca. Pressente-o ainda no sol que, generoso, baixa para que melhor aqueça a terra e as gentes, sempre que lhe é dado furar os céus já mais cinzentos e pesados de água. Prevê-o nas migrações das aves, nas que já lá vão e nas que já cá estão. Fica com a certeza de tudo isto quando o Pisco de Peito Ruivo, pontualíssimo, regressa à Europa. Ouve o prenúncio do frio nos primeiros fungos e cogumelos, na cor rosada das romãs, no Natal que já se engalana nos medronheiros, mesmo que dezembro ainda aguarde a sua vez no calendário. Vislumbra-o na luz que diminui na candeia dos dias, exceto na nossa loja, onde nos mantemos sempre ligados e acesos!

Há muito a fazer. É hora de arrumar a casa, varrer a flora dos exuberantes excessos do verão, tratar dos citrinos, encher a despensa e cortar a lenha. Proteger os animais e as culturas mais sensíveis, tratar da poda das árvores, arrumar o calor e receber a frescura de que o ar já se veste. Regressa a lã, a cor de laranja, o chá de cidreira, os bolos de canela e gengibre e as pantufas de carneira. Nas florestas e cidades, ensaia-se o baile de folhagem. Arejam-se os agasalhos que regressam aos roupeiros e colocam-se as botas e o coração a jeito. Os dias encurtam-se, o conforto espreguiça-se. Nunca como no outono, a Natureza é mais bela, vibrante e irrequieta. Tudo nela é vida, upcycling, renovação e recato.

O outono não é fim, é princípio

Outono é recomeço e energia. É uma estação infatigável e vibrante. Nela tudo muda, se transforma e renova. Imparável no seu afã de tudo limpar, lavar e organizar, o outono não deixa pedra sobre pedra, tudo verificando com rigores de mordomo, para que a Natureza esteja a postos quando desafios mais agrestes chegarem da próxima estação fria. Enquanto a primavera é manhã de promessas verdes e céus azuis da cor do mar – ou de mar azul da cor do céu – e o verão é tarde lenta, quente e amarela, férias turquesas e esmeralda, o outono é serão de conforto, é o regresso a casa e aos colos que amamos, junto aos tons laranja da floresta e da chama na lareira. É aquele momento de leitura mesmo antes de chegar o sono e a noite do inverno.

Todas as cores do mundo vivem no outono

Ah, mas ele é vaidoso e rico o seu guarda-roupa de possibilidades cromáticas. Criativo, inventivo e sofisticado, não se veste apenas de amarelo, laranja, bordeaux, castanho, verde-escuro ou cinza. O outono veste-se de todas as variantes de cada uma dessas cores e ainda inventa algumas de permeio. Não há apenas cores, mas todas as suas variantes numa infinita e mágica paleta de tonalidades. Elas testam-se nas folhas das árvores, na pelagem dos animais, nas bagas silvestres, na terra que arrefece, no prisma do orvalho, na casca das árvores, nos reflexos da água dos mares. O outono é sinónimo de cor e recato. No meio do caos da sua azáfama, no reforço dos ninhos para que o vento não os leve, no aprumo das tocas onde se acumulam provisões, há espaço à elegância e à sofisticação.

Tudo e o seu contrário

O outono veste saia comprida, de caxemira axadrezada, cuja roda gira incessantemente, num rodopio que entontece as folhas e alcatifa os caminhos, com as sobras do verão. Despojado, mas luxuriante, modesto, mas rico, aprumado e caótico, o outono reúne contrastes com a mestria de um mago daqueles de contos de encantar, onde tudo é magia em cenários de floresta. O outono é laboriosa formiga e divertida cigarra a uma só vez, sem direito ao contraditório. Ele permite que se apanhe sol de manhã e castanhas à tarde, que se arrisque ainda um banho no oceano e um chocolate quente à noite. Ele tem um pé no verão e outro no inverno e, intrépido, retira deles, ainda e já, o melhor dos dois universos.

O outono tudo permite e tudo acolhe, olhando em redor, apoiado na sua irrequieta e incansável vassoura, como quem avalia ainda o que mais poderá fazer para deixar a casa arrumada para o senhor que se segue. Há gentileza na preocupação de arrumo, bondade na necessidade de ordem e abnegação na urgência e organização, cuidado na preparação do recato. Como dona de casa que avalia as tarefas a cumprir: tirar as folhas da corda da roupa, lavar as hortas, aspirar as poeiras do ar, limpar o pó às amoras, retirar horas de dia ao relógio e cozinhar algo substancial, reconfortante e fumegante. Uma sopa de abóbora, possivelmente.

A vida começa no outono!

Na nossa Oficina da Luz também se sentem os ímpetos outonais. Depois de passarmos o verão a tratar da madeira – descascando os troncos de plátano, desinfetando-os, lixando-os e dando-lhes já os primeiros toques de maquilhagem e esboçando a vocação de cada um deles –, o outono é laborioso, pleno de atividade, criatividade e inspiração. Muitos dos candeeiros, castiçais e candelabros de madeira Light It Be nascem precisamente na estação onde ‘nevam’ folhas por aí.

É no outono que mais se valoriza a luz, o conforto dos candeeiros e das velas, únicos que capacitam a casa com a atmosfera desejada. Sem a luz certa o romance é deficitário, sem a luz adequada as páginas tornam-se ilegíveis, sem a iluminação acertada os protagonistas não acabarão abraçados numa dança lenta e eterna. Parece também que é no outono que fazemos mais filmes! THE END

Fotografias – Light It Be e Pinterest

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