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Low-Waste Living & Eco-Friendly Design

Repensar, reintegrar, responsabilizar-se, recusar, reduzir, reaproveitar e reciclar. São muitos os erres aliados de modos de produzir, consumir e viver sustentáveis e amigos do ambiente, logo, amigos da nossa continuação no planeta. Todavia, nada é mais responsável, eco-friendly e sinónimo de uma vida de baixo desperdício do que começar todos o ciclo de produção com matérias-primas resultantes elas mesmas do desperdício já existente, como acontece na Light It Be. Muito simplesmente, desperdício zero só acontece quando damos nova vida ao ‘lixo’, resultante da descontinuação do uso de objetos, de excedentes de produção ou de restos descartados em qualquer fase do processo produção-consumo final.

Makers – Os novos artesãos

Millennials (geração Y), centennials (geração Z) e uma parte comprometida da geração X têm chamado a si a responsabilidade não apenas de repensar, como de alterar a nossa perspetiva e ligação com o modo como produzimos e a forma como consumimos. Longe de estéreis teorias de como o deveríamos fazer, apresentam-se já como agentes da mudança. Imbuídos do espírito maker, não aguardam que alguém faça por si, arregaçam as mangas e inventam formas de produzir os seus próprios produtos, recorrendo à matéria-prima mais abundante no planeta humano: os desperdícios, vulgo lixo. São gerações mais desligadas de anteriores relações comerciais, mais conscientes e exigentes na preservação ambiental, na promoção do bem-estar individual e coletivo, financeiramente menos ambiciosas e moralmente mais idónias. São gerações de makers, de novos e inspiradores artesãos e artistas. Veja-se o supremo exemplo de Bordalo II, artista urbano que reutiliza plástico nas suas criações e outros tantos que conseguem criar sem gasto de recursos naturais. Inventivos, criativos e inspiradores trazem um olhar fresco sobre a forma ilógica como se te consumido – o próprio planeta – nas últimas décadas e como o ambiente, o clima e o futuro se ressentem desse maltrato permanente. Uma fornada de gente que cobra novas práticas, mais conscienciosas formas de fazer, mais exigentes responsabilidades políticas e assume menos envolvimento com o dito ‘sistema’. É precisamente fora dele que criam a sua própria linguagem e alimentam um já expressivo movimento de novos criadores, intuitivamente formados em low-waste living e eco-friendly design. O mesmo é dizer que desde a conceção até ao produto final, tudo é pensado e rigorosamente executado sob uma séria gestão de recursos naturais e de desperdícios.

Fazemos nós

Não precisamos de palhinhas, de garrafas de plástico, de copos de papel ou plástico, de toalhetes, cotonetes, de pratos descartáveis. Não precisamos do ‘usar e deitar fora’, nem de um milhão de coisas que consideramos indispensáveis, porque banais e utilitárias de um quotidiano a rebentar pelas costuras de supérfluos e consumíveis que no passado eram de natureza diferente. Aquilo que para muitos é um trend vintage, para outros, felizmente, é apenas a forma lógica de voltar a fazer as coisas. Voltaram as lâminas de barbear, as toalhitas de pano, as escovas de cerdas vegetais, o comércio a granel, os sacos de pano, os vasilhames reutilizáveis para transporte e armazenamento de produtos, ao invés de embalagens descartáveis. Voltou o remendo e a costura, o arranjo e o sapateiro, a oficina e o faz-tudo. O vidro, o algodão, a madeira, o bambu, as cordas e o arame não são os substitutos, mas antes os materiais próprios a tantas coisas que se passaram a produzir a partir de combustíveis fósseis. Regressam as receitas artesanais de produtos de beleza, higiene e limpeza e fica a vontade de reabilitar o que apenas envelheceu ou caiu em desuso. Voltou, tão simplesmente, o natural e a beleza do trabalho manual, do que é feito com tempo e carinho, há tanto tempo esquecidos e há outro tanto substituídos pelo sintético, pela produção em série, estéril e sem sentimento. Deixemos a preguiça do fabricado e readotemos a paixão do manufaturado, na qual tudo o que é feito com amor resulta belo e duradouro. Não se ganha apenas em paz de espírito e qualidade de vida e ambiental, como se ganha ainda em beleza, bem-estar e saúde.

Em breve, esperemos, voltaremos também a ser nós de novo. A pensar racional e cautelosamente, a usar de bom-senso e a agir de forma sustentável. Que saudades desse ‘nós’, que alimentamos na nossa oficina. Em breve, reconhecer-nos-emos na capacidade de voltarmos a valorizar o natural e não o artificial, de voltarmos a conseguir pensar no todo e não apenas no umbigo e a não nos deixarmos moldar pela grande indústria cega e globalizante. Progresso, sim, claro, mas sustentável e sustentado na premissa de que a Terra de amanhã terá de ser melhor do que a de hoje. Ao decidirmos fazer nós, manual e ecologicamente, ao mudarmos pequenos gestos do dia a dia estaremos a fazer a roldana girar ao contrário, porque mudar o mundo começa em casa e começa todos os dias. Um gesto de cada vez. Uma decisão atrás da outra.

Reciclemos a geração Nirvana

Os novos makers são proativos, não esperam que as coisas aconteçam, nem que alguém apresente soluções, antes precipitam e realizam a mudança necessária, com as suas próprias mãos. Longe da geração Nirvana – “Here we are now, entertain us” –, os novos fazedores não aguardam que alguém os entretenha e partem para a execução de tudo aquilo de que necessitam, procurando ativamente e executando online e off line. Têm os seus canais de entretenimento digitais, não necessitam de televisão, cultivam organicamente os seus produtos, não dependem das grandes cadeias de consumo, editam os seus conteúdos online… Consomem o que produzem, inventam o que não existe, repensam o que já cá está, trocam e experimentam. São gerações alimentadas pelo prazer da experimentação, da vivência e não pelo prazer da posse e do consumo. Claro que não são perfeitos, mas já nos parecem melhores do que outras gerações.

Merecem todo o nosso respeito e a eles, possivelmente, agradeceremos um dia a capacidade de promoverem a mudança de paradigma e por serem os primeiros verdadeiramente comprometidos com a necessidade de repensar e alterar a forma abusiva como vivemos e consumimos e por descartar todos os disparates que ambicionámos. Talvez eles consigam abrandar o ritmo, aligeirar o passo e o peso com que temos caminhado, minimizar a pegada que deixamos e finalmente fazer-nos aproveitar a viagem, independentemente do destino.

Puxa e estica

A capacidade de prolongar a utilidade de qualquer objeto para lá do seu ciclo de vida, por via de manter o seu propósito ou de lhe atribuir um novo – através do criativo upcycling – é a mais eficaz forma de evitar consumo de novas matérias-primas e desperdício. Assim o entendemos também na nossa oficina Light It Be, onde do velho de faz novo e do lixo novo luxo. Tudo aquilo que tínhamos quando começámos era sombra, agora temos luz, porque de troncos sem préstimo fizemos candeeiros únicos.

O grande passe de mágica reside poeticamente num possível e desejável olhar carinhoso sobre tudo aquilo que entendemos que já não presta. Porque, na verdade, e longe da doentia vassalagem à juventude de tudo, tudo presta se o soubermos reusar, reavaliar, reabilitar e reutilizar. Todavia, o maior ganho está se o soubermos recriar e reinventar. Alguns exemplos são tão engenhosos e expressivos que ainda nos fazem sorrir. Há magia, há poesia, há beleza e há humor nesta política de reaproveitamento. Os exemplos que aqui deixamos falam disso mesmo, e são ainda muito inspiradores. A nossa loja é outro mostruário desta reconversão.

Reviver o passado do consumo

Alguns dos princípios básicos residem num saudável regresso ao passado e a tradicionais formas de fazer as coisas simples do quotidiano. Ter um saco para ir ao pão, uma cesta para ir à praça, voltar de facto, a ir à praça e à mercearia da D. Rosa e ao café da esquina. Julgávamo-nos tão modernos e sofisticados na total e tola despreocupação de consumir e deitar fora, tão gratos à magia do plástico multiusos que usamos em tudo e que displicentemente despejamos no mar, que não vimos nem entendemos que estávamos a levar o plástico à nossa mesa e ao nosso estômago. Somos gente literalmente plastificada apenas porque desprezámos velhas e tradicionais práticas tão banais no passado. Recuperar uma máquina que se avariou, preferir artigos de qualidade e duradouros ao invés de ir atrás de modismos sazonais, estar atento à origem dos produtos que consumimos e à forma como são produzidos e confecionados, exigir mais transparência, preferir o local e apostar na durabilidade e resistência são formas de refrear e abrandar o consumo e o desperdício. Temos de ser mais criativos e mais responsáveis.

Reabilite-se o saco do pão, façam-se sacos de compras de velhas calças de ganga, almofadas dos cortinados antigos, optemos pelas compras a granel…. As coisas podem e devem durar uma vida, apenas nos impingiram que tinham apenas de ser giras e aguentar-se firmes durante uma única estação, quando isso é já demasiado século passado! O presente e o futuro são já outra coisa.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

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