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2022 é da cor da pervinca e das nossas hortênsias

De flor mágica de bruxas e feiticeiros, a cor do ano 2022. Conheça as razões que levaram a Pantone a eleger Very Peri como cor dominante no próximo virar de página do calendário.

Ler o futuro nas cores

Reflexo de múltiplas influências – algumas das quais inomináveis – a cor do ano tenta capta aquilo que os franceses designam por l’air du temp e em alemão se cunha como zeitgeist e que podemos traduzir por sinais dos tempos que vivemos e a forma como eles se refletem culturalmente. Usar uma teoria de cores para interpretar tendências, modas, orientações socioeconómicas, políticas globais e inclinações culturais e artísticas é uma forma de ler o futuro, de encontrar pistas sobre como as coisas poderão vir a acontecer e a prever outras tendências.

O tom Very Peri, que cromaticamente definirá 2022, vai buscar a sua matriz à flor azul-arroxeada da planta pervinca – secularmente procurada por magos, curandeiros e pela medicina – e visa captar o momento de transição pelo qual o planeta, em termos globais e globalizantes, se encontra a passar. Marcados pela pandemia, por longos períodos de clausura forçados ou voluntários, geridos pelo receio, vivemos agora ainda mais na esfera virtual, presos ao brilho azul elétrico dos monitores de um mundo cada vez mais concentrado na esfera digital. Um espectro de cores que alarga os previamente existentes na Natureza e que levou a Pantone, pela primeira vez – nos 22 anos que o Pantone Color Institute leva a definir a cor do ano –, a criar uma cor de raiz. Chamou-lhe Very Peri, uma mistura dinâmica de azul-pervinca com vivificantes sub-tons de violeta avermelhado. Assim se mistura, segundo a Pantone “a fidelidade e constância do azul com a energia e a emoção do vermelho.” Uma tonalidade que homenageia a citada pervinca, as asas de alguns insetos ou as nossas rústicas hortênsias facilmente reproduzem em diferentes gradações, com mais ou menos azul, com mais ou menos vermelho, ou até com a composição exata da nova cor Pantone. Todos sabemos como a Natureza é mestre na arte de criar o que quer que seja, em qualquer espectro cromático, nós apenas vamos atrás.

A guru, o real, o virtual e ainda Platão

“Ao emergirmos de um intenso período de isolamento, as nossas noções e padrões estão a mudar, e as nossas vidas físicas e digitais fundem-se de novas formas”, esclarece ainda a Pantone, pela mão de Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone Color Institute, citada no comunicado de imprensa que já correu todas as redações do planeta, ansiosos pela revelação anual. Um dos resultados do fenómeno pandémico de que Laurie fala é o alargamento do plano – tempo e espaço – que agora habitamos e onde todos os limites podem ser quebrados, ultrapassados e reinventados virtualmente. Criar novas cores é uma dessas infinitas possibilidades e espelha bem o presente e o futuro desta nossa era.

“A cor Pantone do ano reflete o que está a acontecer na nossa cultura global, e expressa aquilo que as pessoas procuram e que determinada cor pode aspirar a dar resposta.” Ainda que possa fixar-se meramente no pano conceptual ou espiritual, encontrar resposta nas cores é um padrão comportamental e intuitivo operado pela mente, quando busca paisagens e imagens de escape, com propósitos apaziguadores ou inspiracionais, por exemplo. A Natureza é o normal destino dessa observação e dessas buscas, mas perante a privação de liberdade de circulação, recorremos ao substituto virtual, ao espaço digital, à nossa nova ‘Alegoria da Caverna’, de Platão, com a diferença de que – assim se deseja – ainda sabemos distinguir o real do virtual o off line do online.

Laurie Pressman continua a esclarecer a razão da escolha deste ano e a relacionar o tom eleito com o momento presente: “A criação de uma nova cor pela primeira vez na história do nosso programa educacional de cores PANTONE Color of the Year, reflete a inovação e transformação globais que estão a ocorrer. Enquanto a sociedade continua a reconhecer a cor como uma forma crítica de comunicação e uma maneira de expressar e afetar ideias e emoções e de se envolver e se conectar, a complexidade deste novo tom de azul com infusão de violeta vermelho destaca as possibilidades expansivas que estão diante de nós.”

Cirurgicamente otimistas

Perspetivar o futuro implica sérias responsabilidades e a Pantone parece bem ciente do seu papel frente à ‘bola de cristal’. Por isso promove uma perspetiva positiva, animadora e inspiradora que nos impulsione para a frente, com coragem e alegria. Assim, com base na psicologia das cores, envia-nos para 2022 com a “confiança despreocupada” do azul e a “atrevida curiosidade” do vermelho e misura-os na tonalidade Pantone 17-3938 Very Peri, de seu nome completo, com a qual nos desafia a reescrevermos a nossa vida. O propósito é de elevar o espírito, promover a descoberta e incentivar a criatividade. Só assim cada um de nós e, connosco, o mundo avançam, confiando no progresso, na ciência e na alma humana.

O que agora é certo, é que o veredicto anual da Pantone determinará cromaticamente o ano de 2022, havendo mesmo estilistas e designers que aguardam a decisão para ‘pintar’ as suas criações. Demora sempre algum tempo até que incorporemos uma nova tendência, no caso, uma nova cor, pelo que deixamos imagens motivacionais e inspiradoras e até formas de visualizar possíveis pinturas em casa e formas de empregar apontamentos do novíssimo e estreante Very Peri.

Ainda que que nem todos se encantem com a nova cor, podemos contornar a sua fisicalidade cromática e visual, sem deixar de pintar a nossa vida de entusiasmo, pincelando-a ainda de curiosidade e espírito criativo, ‘pigmentos naturais’ sem os quais qualquer futuro será sempre fastidioso e pouco inspirador.

Por fim, relembramos que Very Peri sucede à dupla Ultimate Gray e Illuminating Yellow de 2021.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

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