As duas guerras mundiais que abalaram a Europa, e se repercutiram por todo o mundo, quando ainda não se tinha completado a primeira metade do século XX, fizeram colapsar bem mais do que cidades, países, demografias e geografias nos mapas mundiais. Elas ruíram princípios, economias, filosofias e a própria ordem social. Questionaram-se as classes sociais e a distribuição da riqueza e apelou-se a formas democráticas de entendimento do mundo e das suas gentes. À boleia dos novos e urgentes ventos de mudança, nasceu o entendimento sobre a necessidade de direitos universais, criaram-se novas políticas e estéticas que rejeitavam a ideia de exclusividade do bom e do belo apenas aos muito ricos do planeta. Neste, aqui muito abreviado, contexto, desenvolve-se a arte de protesto e provocação que em tudo se afastasse de métodos e convenções tradicionais e instalados. Desenhar esta nova aurora, esta nova sociedade era também repensar as cidades, a grelha urbana, a arquitetura das suas casas e o design do mobiliário que servisse este novo propósito de facilitar, aligeirar e embelezar a vida de todos.
Um desses movimentos musculava a sua ação no norte da Europa, nos chamados países nórdicos, que pareciam responder a uma só voz a uma nova estética, mais depurada, mais clean, de linhas simples e puras e absolutamente focada na funcionalidade de cada objeto e menos no ornamento, no papel decorativo das peças. Uma abordagem estética que vingou e se mantém – a sueca Ikea é o pináculo deste conceito –, com o seu inalterável primado da simplicidade e funcionalidade, com a sua inevitável leveza e beleza. As linhas simples aliam-se e promovem o conceito de limpeza e arrumação, de espaços sóbrios e desimpedidos, que libertam o olhar e acolhem os sentidos. Neste estilo reinam a madeira sem grandes artifícios, os materiais naturais, as fibras de origem animal ou vegetal, objetos facilitadores da vida de todos os dias, fáceis de manusear e de pronto acesso em casas descomplicadas onde reina um apetecível conforto, vocacionado exclusivamente para a família e o seu bem-estar. Beleza prática ao serviço de todos. Um triunvirato que nunca esmoreceu, mas que ganhou novo fôlego no atual contexto de premente necessidade de pensar, fazer e agir com sustentabilidade.
Numa casa de perfil escandinavo, rasgam-se janelas do chão ao teto – afinal, naqueles quadrantes onde Finlândia, Suécia, Noruega e Dinamarca têm morada, os dias são curtos, os invernos longos e há que aproveitar cada raio de sol cada segundo de luz. Além disso, grandes janelas consubstanciam o expresso convite a deixar entrar a Natureza, fazendo dela o mais apetecível papel de parede. Por falar em paredes, estas pintam-se de branco, sejam elas de madeira, estuque ou alvenaria exposta. Tijolo-burro exposto e pintado de branco e chão de madeira sem polimento são elementos icónicos da chamada estética escandinava. Lã pura, pelo natural, madeiras rudes, inevitáveis lareiras ou salamandras, chão de madeira, mantas tricotadas, pantufas confortáveis com as quais exclusivamente se anda em casa… O cenário é apelativo, confortável e acolhedor e ganhou entre os dinamarqueses uma designação própria: hygge. Não havendo tradução clara, é, entre outros, sinónimo daquela sensação de paz e satisfação de quando chegamos a casa, onde todos e tudo nos recebem com beleza, naturalidade, simplicidade e conforto. Onde tudo tem lugar e onde há lugar para tudo. Um lugar, também, que nos reflete e segura e onde podemos ser apenas nós.
Uma estética que não difere assim tanto do básico bom gosto de quem vive perto da Natureza, com ela comungando e diariamente respeitando, seja junto ao quente mediterrâneo, com as suas casas caiadas e as suas cestarias, seja em áridas paisagens desérticas. Em todas elas prevalece uma certa etnia, através do óbvio recurso aos elementos naturais circundantes, com zelo, enlevo e dedicação, visível em peças manufaturadas e traduzido na inexistente necessidade de ostentação. O que o estilo nórdico trará de único seja, talvez, um certo rigor e necessidade de arrumação.
Nesta decoração escandinava, nórdica ou ‘natura’, onde a madeira pura e nua se irmana com o cálido branco e uma paleta de tons breve e resumida aos cinzentos, preto e tons tabaco, e o design, de esmagadora beleza e simplicidade, resultam em ambientes, ainda assim, orgânicos e convidativos, o sucesso de um candeeiro nascido na floresta ocorre-nos óbvio. Seja numa cabana de madeira, numa versão mais rústica, ou num apartamento urbano num irreverente open space, em jeito mais clean, ou numa planta mais tradicional, de áreas bem delineadas e com distintas vocações. Porque seja qual for o caso, a luz é primordial em qualquer estilo, mais ainda em quadrantes onde a luz do dia é escassa e, durante meses, quase rara, pelo que este parece o cenário ideal para os candeeiros Light It Be. Com a madeira nua e crua dos seus troncos, os têxteis naturais dos abajures e o ferro preto mate dos pés, os nossos candeeiros de mesa e de pé harmonizam-se naturalmente neste menu e ainda o temperam de exclusividade e originalidade. Acenda mais esta perspetiva, contemple mais este estilo, ou mais um pouco de luz, quando quiser dar uma ‘volta’ à sua casa. O principal, é que ela seja um confortável convite a ficar ou um irresistível apelo para regressar. Uma casa é isso mesmo, o local para onde queremos sempre voltar e onde sempre estaremos seguros, mais perto de nós mesmos e de tudo aquilo que nos é mais querido.
Fotografias – Pinterest
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