fbpx

Um Natal simples, criativo, iluminado e inspirador

O nosso Natal é simples. Quente. Acolhedor. Enfeita-se de beijos e abraços, de canções que entoamos desafinados, sem noção de ritmo ou tom, com letras criadas por nós e nas quais passamos o nosso ano em revista. Decora-se ainda de poemas, de rima solta e desencontrada. Poemas sobre esse ‘nós’ que celebramos e sobre aqueles que amamos, que também nós tecemos e com os quais nos brindamos. O nosso Natal é uma festa íntima e calorosa, capaz de nos manter quentes e confortáveis nos restantes meses de inverno que teremos ainda pela frente.

O nosso Natal é família, a de sangue, e a outra, também ela nascida e criada nos afetos, de cumplicidades feita, debruada a gargalhadas e solidamente unida nas aflições da vida, porque amar é ser solidário, é estar presente quando é preciso e ausente sempre que necessário. Nessa noite reunimos o que de melhor temos cá dentro e deixamo-lo escorrer para fora, como o creme das azevias ainda quentes.

O nosso Natal é Luz, mal seria que não o fosse. Acendemos as luzes quentes dos nossos candeeiros de madeira exclusivos, colocamo-los em local de destaque, pois deles depende a calorosa atmosfera pretendida. Pomo-los sob a árvore de Natal, já que muitos são presentes que nos orgulhamos de oferecer. Colocamo-los a ‘vigiar’ os presentes, não vá alguém antecipar-se à partilha das prendas, e a iluminar a mesa dos doces, onde tornam tudo ainda mais apetitoso, e acendemo-los, na verdade, um pouco por toda a casa, à laia de pequenas grandes árvores de Natal naturais e iluminadas. Eles transportam a Natureza para dentro de casa, tornam tudo mais acolhedor e ainda acrescentam odores silvestres à Consoada.

O nosso Natal nasce dos nossos corações, que esbanjam coisas boas como os bolos que querem ser reis, e nasce em igual medida das nossas mãos. Gostamos de ser nós a construí-lo e a decorá-lo, com tudo aquilo que sabemos fazer. Aos doces feitos pelos avós, juntam-se os bordados, as rendas e os lavores de quem, ao longo do ano foi preparando e antecipando esta noite. Acrescentamos as velas, que colocamos a boiar em frascos de compota reaproveitados ou em taças de cerâmica. Somam-se as coroas de louro ou de oliveira, do pomar que não nos cansamos de regar durante o verão, adornadas com chocalhos de vacas e guizos de ovelha que um avô que já não podemos beijar guardou para nós. E lá aproveitamos para lembrar todos aqueles cujas faces já não alcançamos, mas que vivem ainda e sempre cá por dentro, naquele lugar do peito onde cabe sempre mais um, onde cabem sempre todos, como acontece nas casas de quem gosta de receber e abrigar.

O nosso Natal é bonito. As terrinas de antanho, prescindem do caldo quente e ganham verdura, nozes, pinhas, romãs e velas. Os paus de canela temperam o arroz doce e servem também para enfeitar os guardanapos. Os presentes embrulham-se em casa, com papel ou tecidos, em sacos de serapilheira ou talegos que alguém se dedicou a fazer. Só isso já é presente, e passado e futuro também. Claro que um Natal assim também é trabalhoso, mas nem damos conta, porque o desejamos especial e sempre diferente, personalizado e com assinatura, mas todos os anos ele acaba sempre igual no seu esmero, na medida exata em que o nosso Natal nos espelha. Não fazemos tudo, tudo, há coisas que adquirimos e compramos feito, mas fazemos o suficiente para que o nosso seja mesmo só nosso. Irreproduzível. Irrepetível, como os nossos candeeiros.

O nosso Natal cheira bem. Cheira a madeira, a velas, a canela, rosmaninho e alecrim. Com eles enfeitamos a casa e a mesa da Ceia e condimentamos os pratos e até as sobremesas. Também temos pinho, flores, pinhas e outros ramos, mas na memória olfativa fixam-se estes odores, como sendo os dos nossos natais. Cheira também a frio, a risos e gargalhadas e todos sabemos que esses são odores preciosos, que agasalham o coração. Baralhamos os sentidos, mas até isso faz sentido no nosso Natal.

O nosso Natal, já se percebeu, é tosco, simples, sincero e manufaturado, mas é o melhor do mundo. Precisamente porque é honesto, porque nasce dentro de cada um de nós, porque é natural. Porque é genuinamente nosso. O mais fascinante é que há elegância e sofisticação em tudo isso, mas isso pode ser apenas dos nossos olhos. Isto se não nos fotografarmos de corpo inteiro, para não apanhar as pantufas de borrego de que não prescindimos, até porque de uma saudosa avó guardamos preciosa lição: devemos ter sempre os pés quentes e a cabeça fria. Bem verdade, avó! Daí as pantufas que nos chegaram da Serra estrelada e as mantas de burel made in Alentejo.

O nosso Natal, bem se vê, é, também ele, e tal como os candeeiros Light It Be, feito à mão e com paixão, logo, pleno de luz e alegria. Serramos, recortamos, pintamos, colamos, costuramos e tudo o mais que preciso for. Criamos decorações e presentes, que tanto nascem da madeira como da lã, ou compramo-los a quem o sabe fazer melhor do que nós. A quem, tal como a Light It Be, zela por uma economia mais justa e sustentável, local e circular. Cozinhamos reconfortantes assados, espectáveis bacalhaus e previsíveis e calóricas sobremesas. Enfeitamos as mesas, acendemos velas, formulamos desejos, brindamos, criamos memórias futuras e lembramos as que vêm detrás. Na dolorosa incerteza de como conseguiremos tudo isso este ano – quem sabe via, Skype ou fazendo Zoom – motiva-nos a confiança cega na nossa capacidade – na de todos – de nos reinventarmos, de conseguirmos do pouco fazer muito e do nada tudo. Não sabemos ainda como vai ser, mas será sempre bom se fizermos por isso, se mantivermos as lanternas acesas, para indicar o caminho aos nossos cavaleiros da Dinamarca, ou de qualquer outra paragem, que as coordenadas pouco importam. Entretanto, inspiremo-nos com as muitas maneiras, criativas e económicas, mas lindas e iluminadas, de enfeitar o Natal, este Natal, ainda que ele nos chegue pela internet.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

0

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Carrinho

loader