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Rústico contemporâneo – A magia dos opostos

Não juramos que os opostos se atraem, ou que se atraem sempre, mas que juntos operam milagres, isso asseguramos. Um caso flagrante é o do estilo que casa, com total comunhão de bens, o tosco rústico com o sofisticado contemporâneo e que se apresenta como uma das mais apetecíveis tendências do momento. Bem-vindos ao mundo dos impossíveis, onde tudo é admiravelmente aceite, tal como acontece na oficina Light It Be.

Atrevimento

A união entre rústico e contemporâneo percorre uma elegante avenida de dois sentidos. Uma casa de traça absolutamente contemporânea, onde betão à vista, cimento afagado, vigas de ferro ou aço são expostos com arrojo e modernidade, numa planta ampla, de espaços comunicantes pode, de forma disruptiva, acolher peças decorativas rústicas, toscas, artesanais e quentes. Elementos vindos de lugares que se fixam no passado, ou façam parte de memórias e heranças que se colam ao coração e das quais nos recusamos a separar-nos. No lado oposto desta via muito atual, uma outra acelera por estes dias: aliar a uma casa de campo, de traça tradicional, alicerçada na pedra ou na madeira, decoração contemporânea, de linhas depuradas e minimalistas. Num ou noutro caso a atmosfera resultante é mágica e manifestamente apetecível. Lado a lado, rústico e contemporâneo reinventam-se e criam uma outra linguagem, um novo estilo, porque o que acrescentam é bem mais do que a mera soma de partes.

Uma magia que acontece quando as mentes se abrem e as fronteiras se esbatem, promovendo abraços inimagináveis, ou apenas pouco óbvios. Num chalé de montanha, facilmente se imagina mobiliário tosco, de madeira bruta e pouco polida, cadeirões de cabedal e mantas de pelo, enquanto a um estilizado projeto urbano associamos designa de última geração. A questão a colocar é apenas uma: porque não? Porque não tentar? Porque não misturar? Porque não atrevermo-nos? Felizmente, há muita gente atrevida e ávida de novas experimentações, que não vê inconveniente, antes uma mais-valia, em unir as superfícies texturadas dos materiais naturais que batem no coração do rústico – madeira, pedra, cerâmica, fibras naturais –, com as lisuras e polimentos imaculados do contemporâneo, cortados a laser e não a talho de machado.

Equilibrismo

Sempre que andamos no arame ou nos aventuramos no trapézio, mais ainda sem rede, temos de manter o foco em apenas um fator: o equilíbrio. Demasiado balanço para um lado, ou mal calculadas precipitações para o outro e o resultado, podendo não ser desastroso, é desagradável. Para evitar estranhezas e desarticulação, peças ou pormenores estruturais que possam apenas parecer fora do seu ambiente natural, importa criar harmonia e promover envolvência entre todos os elementos.

Possibilidades escandalosas, mas harmoniosas

– Peças de terracota, por exemplo, podem ser exibidos num alinhamento geométrico, o que valoriza e torna mais evidente o contraste com o seu lado orgânico e natural.

– Bancadas de alvenaria e azulejos manufaturados podem exibir torneiras de última geração.

– Uma lareira de chão rústica, pode ser coberta com a lisura de um painel de aço, que passará a conviver com a parede de pedra ou de tijolo-burro.

– Uma casa aprumada com os rigores do esquadro pode ganhar alma com uma parede de pedra tosca, em contraste direto com a elegância da pureza do estuque branco.

– Uma cabana com teto de vigas de madeira expostas rima com soberba com chão de microcimento ou investidas de epoxy.

– O cadeirão de pele gasta que veio da casa dos pais, ou aquele toro transformado em mesa de apoio, ganham vida junto de um sofá de linho branco, assinado por um designer contemporâneo, e a mistura de tudo isto contribui para dar assinatura ao espaço e tornar o ambiente mais acolhedor e extraordinário, enquanto, à boleia, ainda o personaliza.

– Obras de arte modernas falam mais alto, ou falam outras línguas quando se exibem sobre toscas paredes de pedra.

– Corda, madeira e xisto, ou qualquer outra pedra ou material natural, podem ser trabalhados artesanalmente obedecendo a linhas contemporâneas.

– Peças de mobiliário de design moderno e atrevido ganha outro significado e maior destaque numa antiga casa de xisto ou granito, onde são já visíveis o passar dos anos.

– Madeira desaproveitada, como a que serve de base à filosofia dos  candeeiros Light It Be, ganha uma nova identidade, mais leve e fresca por via da assemblagem de diferentes conceitos, o que converge para um look contemporâneo, sem que percam a sua identidade natura.

– Misturar ráfia, sisal, granito ou xisto com cromados, betão armado e lacados não é absurdo nem interdito, apenas mais uma possibilidade a explorar.

Saber valorizar

Aquando da reabilitação de uma casa, saber aproveitar os materiais nobres, aqueles que o tempo desgasta mas não arruína, aqueles que ganham personalidade com o uso, como é o caso da madeira, reconhecer o valor do manufaturado e manter mosaicos feitos ou pintados manualmente, ou o antigo corrimão de ferro de uma escada onde um serralheiro mecânico deixou há muito todo o seu conhecimento e arte, podem, a título de exemplo, ser detalhes artesanais, toscos e rústicos que podem valorizar a pretendida linguagem mais moderna.

Saber incorporar

O mesmo ocorre quando um projeto depurado e estilizado pela mão do jovem e futurista arquiteto integra como materiais de construção a madeira e a pedra autóctones, e o saber de artesãos locais, numa clara declaração de interesses por uma construção mais conscienciosa e eco-friendly. Porque um bom projeto não é aquele que esbanja dinheiro, mas sim charme e sabedoria.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

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