Forest Schools
Na década de 90, do século passado, perante a evidência de que as crianças já não brincavam na rua e que o contacto com a Natureza era diminuto, senão inexistente, os países escandinavos começaram a desenvolver um novo modelo de escola ao qual, inspiradoramente, deram o nome de Escolas da Floresta. Escolas que retiravam as aulas da formalidade das quatro paredes e cuja orientação curricular se desvinculava da exclusividade do mérito cognitivo em função de testes onde o conhecimento era posto à prova. Formas novas de entendimento do ensino que desbravava outras pedagogias, outros modelos e outras possibilidades. Nestas novas escolas não apenas se lecionam matérias curriculares, como a matemática, línguas ou ciências, como se desenvolvem outras valências do conhecimento, guiadas estas pela curiosidade das próprias crianças, bem como a inteligência emocional e as competências sociais e outras soft skills, para usar de terminologia corrente. Conhecer o mundo, estando mais perto dele, pode dar mais sentido à ciência, à biologia, à antropologia e torna positiva a relação com o meio envolvente. Reconhecer as árvores, entender como se formam as rochas, descobrir a fauna local, perceber como vive, meter as mãos na terra e entender os seus ciclos sazonais, sem esquecer de subir às árvores conferem um lado lúdico que retira a carga formal à instituição escola. À boleia destas incursões pelo exterior surgem espontaneamente benefícios múltiplos, com sublinhados fluorescentes para uma maior consciência ambiental, um maior respeito pelo planeta e por todos os seres vivos – pela importância que cada um deles desempenha no ecossistema –, maior destreza mental, melhor condição física e agilidade motora, com a inestimável cereja no topo de tudo isto: maior felicidade e laços de amizade mais fortes. Combater a obesidade, o sedentarismo e as alergias, melhorar o sistema imunitário, a visão, aprender a gerir o risco, ganhar resiliência e fôlego para ultrapassar obstáculos, aprender a lidar com a frustração, a agir e comunicar em grupo, a respeitar a vontade e opinião dos outros, e alagar horizontes são outro tanto a ter em conta neste modelo de ensino, hoje replicado um pouco por todo o mundo, com especial empenho no Reino Unido.
Tão perto e tão longe
Avós e pais da geração que frequenta agora as primeiras carteiras escolares experimentaram livremente a felicidade de brincarem na rua, mesmo nas ruas das cidades, e de viver tudo aquilo que agora nos vemos forçados a incluir nos curricula escolares: a brincadeira e a rua. Por força de receios reais e galvanizados por outros medos inventados pela paranoica superproteção parental, fomos deixando que as crianças se tornassem prisioneiras da clausura e de ambientes fechados: casa, escola, carro. Um universo ainda mais limitado por outros retângulos, os dos ecrãs de toda uma panóplia de equipamentos eletrónicos sem os quais já não voltaremos a viver, como bem se percebe. Com o excesso de tempo passado na escola, nas atividades extracurriculares e em todos os outros afazeres, as crianças têm hoje agendas tão ou mais preenchidas do que as dos pais. Os miúdos de hoje têm zero tempo para a pura brincadeira, para se aventurarem sozinhos de bicicleta por novas estradas, para arriscarem desconfortos, explorarem possibilidades e experimentarem o novo. Os miúdos de hoje não se arriscam a arriscar. São, agora, crianças medrosas, receosas, ansiosas e até neuróticas, a precisarem da dose necessária de ‘fotossíntese’. Por isso nos surge como uma lufada de ar fresco esta ideia de levar a escola à floresta, ao bosque, à mata, ao mundo, na verdade. De encorajar a curiosidade, a experimentação e a felicidade.
A nossa luz também sobe às árvores
Também na decoração podemos subir às árvores. Ser mais livres, mais conectados com a Natureza e com formas sustentáveis de expressar a nossa estética e de dar luz à nossa vida. Modos que tornam mais leve a nossa pegada ecológica e permitem que o nosso estilo de vida seja menos impactante nas contas do deve e haver do planeta. Uma ideia inspiradora que anima os nossos dias na oficina da luz Light It Be, mesmo naqueles em que um golpe ou uma bolha nos obrigam a trabalhar mais devagar, ou são mesmo impeditivos de que trabalhemos nos nossos candeeiros. Ter de meter as mãos na madeira, que é a nossa massa, produzindo artesanalmente pontos de luz criativos que nascem de um pedaço dessa floresta que nos protege, ensina e liberta, alimentam o nosso ânimo e a vontade de plantar mais uma árvore no jardim, ou mais uma luz em casa. Esta, para nós que já somos adultos, é a nossa escola da floresta, onde aprimoramos a nossa capacidade de saltar obstáculos, de lidar com a frustração, quando o resultado não é o ambicionado e temos de voltar a tentar e a tentar de novo até chegarmos à peça que imaginámos. É aqui que experimentamos tudo pela primeira vez ou apenas de novo, que ganhamos agilidade mental e manual. Um lugar onde nos multiplicamos em medidas e contas e nos dividimos em atenções e detalhes. Aqui desenvolvemos as nossas hard e soft skills e aqui somos felizes. Razão pela qual, entre um candeeiro e outro, nos apeteceu falar deste tema. Não deixar morrer uma árvore que caiu é dar novo sentido à reciclagem natural das coisas. É participar no ciclo do leva e traz. É voltar a aprender e a brincar na floresta, é atirar o pau à luz.
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