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Salvemos as marquises!

As marquises são maravilhosas

Não somos de modas. Quer dizer, somos, como toda a gente é, de uma ou outra forma, mas somos das nossas modas e não de todas aquelas com que nos tentam influenciar a cada nova estação ou novo trend, ditado por A ou B. Somos pelas modas que nos fazem sentir bem. Que nos transmitem beleza, conforto e aconchego. Aquelas que nos falam ao coração e nos remetem para pedaços de memória afetiva. Lugares únicos onde exclusivamente nos sentimos em casa, mesmo quando longe dela.

Ao arrepio do que pensam alguns estetas de um certo purismo ou pendor arquitetónico que repudia o modismo das marquises dos anos 70 e 80 do século passado, adoramos marquises. Varandas ou terraços cobertos de vidro são pedaços de rua que nos entram em casa. Postos de vigia ou de recolhimento únicos. Miradouros pessoais. Espaços que só e apenas o abrigo do agasalho do vidro permite o seu usufruto ao longo de todo o ano. São áreas hermafroditas, permeáveis e multifuncionais que tanto permitem uma pequena oficina ou escritório, como um improvisado quarto de visitas, uma outra sala descontraída ou que podemos transformar em ‘praia’ no verão quente, ou, simples, mas funcionalmente, nos permitem deixar a roupa secar em paz e sem supervisão.

Críticos da marquise contestarão com a fealdade deste ‘objeto’ arquitetónico. Respondo-lhes que sei bem do que falam. Claro que há marquises feias, assim como há casas e prédios feios, para não dizer medonhos, mas duvido que haja marquises que não sejam aconchegantes no princípio básico da sua privacidade extrema. Lugares quentes e versáteis, hábeis a manusear os conceitos de dentro e fora. De que serve um pedaço de chão que se estica para a rua se nada se puder fazer nele? É certo que uma marquise feia pode ser medonha, mas uma marquise bonita e funcional é o paraíso da engenharia do saber viver citadino e não só.

Beleza interior

Não avancem com tanto à-vontade para o marquise-shaming. Lembrem-se da beleza interior e do direito à liberdade de expressão individual. Se ninguém se lembrou de, a seu tempo, criticar arquitetos e pensadores das cidades perante o ridículo de projetarem exíguas varandas quase sem área ou préstimo, ao invés de conceberem zonas ajardinadas ou pátios e esplanadas interiores em cada quarteirão – aí, sim, desfrutaríamos da rua e dos seus benefícios e ainda ajudávamos a oxigenar as cidades –, porque se  mostram tão ofendidos e indignados com as pobres marquises que tão boa gente conseguiu transformar com tanta mestria e bom gosto? Sim, porque há milhões de marquises lindas, pequenos jardins suspensos, hábeis ateliers de costura ou de pintura, guardiãs de bicicletas e caiaques, centros de criatividade, zonas de leitura e de estudo, closets… Uma marquise pode ser aquilo que entendermos que ela deve ser. Só esse malabarismo funcional já me atrai nelas. O que seria, ainda, da curiosidade das vizinhas sem a proteção de uma boa marquise? Este é mais um comando ao seu dispor para controlar a luz natural, que vem da rua, ou para dar um foco de luz indireta à divisão contígua, quando cai a noite. Empreste-lhe a graça de um candeeiro de mesa Light It Be e veja como funciona.

Posto tudo isto, deixem lá as marquises em paz, ou, melhor ainda, iniciem um processo de reabilitação da vossa varanda ou terraço. Desenhem neles a vossa praia, projetem lá uma extensão da sala, do quarto ou da cozinha, tricotem possibilidades e decorem a gosto, em função de necessidades e estética pessoais. Vistam-nas de diáfanos voiles, ou de estores venezianos, arrisquem uma pequena pérgola ou deixem que plantas tropicais façam as vezes de paredes ou, sem receio, avencem para o delicado vidro. Pode até vir a tornar-se no seu local de eleição em toda a casa. O princípio de tudo é que comece a olhar para ela sem preconceitos e a perceber todo o potencial de um espaço, seja de 4 ou 40 m2, que, sem medo ou pudor, se aventura no espaço, sobre a rua. Seria uma pena deitar tudo isto a perder.

Não tem marquise? Invente já uma!

Fotografias – Pixabay

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