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Os nossos candeeiros brincaram na rua

100% Paixão

Os nossos candeeiros brincaram na rua. Sujaram-se na relva. Abanaram ao sabor dos caprichos do vento Norte e das brisas marítimas que chegam de Oeste. Conhecem de cor o sabor do sal e do sol. Enterraram os dedos na terra fresca e construíram castelos no ar. Entreteram-se com os voos noturnos da Efigénia, coruja que nos acompanha desde o primeiro dia, e que nos ramos dos nossos plátanos tudo observava, no escuro cerrado da noite, de todas as noites. Observaram o voo planado das águias que nos sobrevoam e conhecem de cor os diferentes pios das aves que connosco moram neste pedaço de mundo que chamamos de nosso. A cadência das rolas, o passo atarefado dos melros, os endiabrados pardais, os estridentes gritos dos gaios, a delicadeza do pisco-de-peito-ruivo que passa o inverno connosco, o zumbido das abelhas das colmeias que são nossas vizinhas. Distinguem facilmente um mocho de uma coruja e reconhecem o toque do bico dos pica-paus. Os nossos candeeiros sabem até como cada um deles constrói os seus ninhos, tiveram tempo e curiosidade suficientes para ver e aprender. Um passado feliz que se traduz ainda na felicidade da luz que sobre nós agora projetam. São apenas pedaços de madeira, pensam os menos emotivos e sem pendor para a poesia, mas são os nossos pedaços de madeira e sobre eles sabemos nós tudo. Alegra-nos, acima de tudo, que os nossos candeeiros sejam, hoje, o reflexo de um passado feliz, de uma vivência livre e sonhadora como nós. Uma vida que se cruzou diariamente com a nossa e em cujos ramos lançámos cordas para baloiços e redes de descanso. Sob a frescura das suas copas adormecemos e rimos no verão, em longos almoços onde brindámos à vida e ao riso. Sobre a nudez dos seus invernos sabemos outro tanto. Sabemos que apenas dormitavam, para nos brindar com mais e mais ramos e galhos e folhas na primavera que já se sente no ar mesmo no inóspito fevereiro. Espirrámos com o pólen das suas castanhas, bolas de sementes, caixinhas de vida que sabiamente lançavam ao destino, na esperança de uma viagem proveitosa, rumo a terra fértil e acolhedora. Quantas dessas sementes chegaram a bom porto? E onde? Por onde andarão os filhos dos nossos plátanos, dos nossos candeeiros? Por aí, seguramente.

O papel vegetal

Aquilo que nos move é esta paixão. A paixão pela madeira e a capacidade de lhes inventar uma vida, uma história. Um passado e um futuro que agora oferecemos de presente. Um presente que não é para todos, claro está, apenas para quem gosta. Para quem gosta muito. Para quem os vê com os nossos olhos. Para quem ama coisas simples e naturais. Coisas graciosas e com graça. Despretensiosas e, por isso mesmo, admiráveis. Peças estilizadas, mas sem vaidades outras que não apenas as da sua essência e pureza. Orgulhosas da sua natureza vegetal. Moldadas pela mão da Natureza e acarinhadas pelas nossas. Um Light It Be é um pedaço de todas estas histórias. Esperemos que lhes dê continuidade. Não imagina o bem-estar que proporciona poder olhar um braço de natureza pura sem ter de sair de casa. Embaixadores deste espírito florestal, os nossos candeeiros desempenham bem o seu papel… vegetal. Depois de terem brincado na rua, deixe que eles brilhem na sua casa.

Fotografias – Light It Be

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