Plátano do Rossio, em Portalegre, com 182 anos e um milhão vezes infinito de histórias passadas à sua sombra, é a árvore que representa Portugal no Tree of The Year, onde se elegerá a Árvore Europeia do Ano 2021. Tão majestosos quanto os números que contam a sua idade, são aqueles outros que se colam à sua morfologia: 7 metros de perímetro de tronco e 37 metros de diâmetro de copa. Mais difíceis de calcular são as memórias e os segredos que guarda, os beijos que incentivou e os outros que ajudou a esconder, as inconfessáveis confissões, os sentidos abraços, as declarações de amor, as zangas e as indiscrições das gentes e da cidade que com ele cohabitam. Uma cidade que parece ordenar-se em redor deste plátano agregador. Um companheiro secular, um ouvinte fiável, uma sombra amiga, uma testemunha da história pessoal e individual há várias gerações, tantas quantas cabem em quase duzentos anos de existência.
Além do plátano alentejano, outros dois plátanos concorrem nesta 11.ª edição deste concurso europeu, o de Derbent, na Federação Russa, com 284 anos, e o de Curinga, em Itália, com 1000 anos. Determinação, resiliência e adaptação. Assim se explica a longevidade destes portentosos plátanos, espécie de árvore que tão bem conhecemos e à qual somos fervorosos devotos, pois é de plátano a madeira que dá vida à nossa luz, depois de anos a moldar a nossa sombra.
Somos fãs de árvores, mais do que de qualquer outra coisa no mundo, e por plátanos sempre nos perdemos de amor e nos encontrámos de paixão, pelo que sempre ocuparão lugar no topo do nosso pódio afetivo, pois o som das folhas nos seus ramos anima o bater do nosso coração e dá ritmo à nossa vida. Um pulsar que vibra nos candeeiros Light It Be. Mérito do plátano, nós apenas vamos atrás da batida.
Em relação à votação deste ano para a Árvore Europeia de 2021, aguardamos expectantes para saber o resultado. Todavia, será sempre uma árvore, pelo que será sempre um vencedor merecedor.
P.S. – Contados os votos e apurados os vencedores, entretanto anunciados, já sabemos quem ocupou o podium: em primeiro lugar ficou a Azinheira Milenar de Lecina, em Espanha, seguida de dois frondosos e milenares plátanos, o de Curinga, em Itália, e o Plátano Antigo, na Federação Russa, que granjeou o terceiro lugar.
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