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Nós e os nós

Árvores de magia

Que bom seria se as nossas árvores se iluminassem de magia, e por magia, como aquela outra que guiou o solitário Cavaleiro da Dinamarca por inóspitas paisagens gélidas, como nos conta a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Sem interruptor, sem cabos elétricos, sem tomadas ou lâmpadas. Apenas magia. Apenas fé no impossível. Apenas galhos de extremidades iluminadas, brilhantes, como bons guias de lanterna na mão. Que bom seria se o Natal não implicasse o corte de qualquer árvore – que não as exclusivamente plantadas para o efeito –, para iluminar de sonho a noite mais extraordinária do ano, pois bastaria espreitar pelas janelas do mundo e olhar mais esse sortilégio da Natureza. Mais essa iluminação da providência.

Os candeeiros Light It Be desejam ser, quando forem grandes, essa árvore-guia, esse nobre ser da floresta que orienta os passos e indica o caminho. Todos os caminhos. Tentamos aproximar-nos do sonho, mantendo viva a árvore, todos os nossos plátanos, em cada um dos nossos troncos, sendo fiéis aos seus torneados, respeitando a existência de todas as suas marcas de vida, de todas as rachas e nós, de todos os veios e ramificações, aceitando-os como rasgos de criatividade natural, como simples sinais da sua existência. Como contingências do elegante e rude design da Natureza, nascido, também ele, de necessidades e cumprindo funcionalidades quando ainda era parte integrante da árvore-mãe.

Iguais na diferença

Pode parecer apenas poesia, mas é com esse encantamento que escrevemos as linhas da nossa história. Quão mais fácil seria transformar os nossos toros em perfeitos cilindros de madeira. Polidos até à exaustão, aprimorados por geométricas formas, calibrados por regra e esquadro, uniformizados e massificados, serrados com exatidão. Mas quão mais tristes eles seriam, sem a sua identidade irrepetível, sem a sua assinatura irreproduzível, sem as suas manias e sem a sua unicidade. Seriam apenas ‘perfeitos’ cilindros de madeira, indistintos, industrializados, como tijolos numa parede. Como seria fácil que acabassem numa pequena linha de montagem, com igual tempo de atenção para cada um deles, com igual forma de os finalizar e os mesmos adereços para os adornar, todos sujeitos aos mesmos procedimentos. Tudo mecanizado. Ah, mas esses troncos não seriam Light It Be. Seriam outra coisa. Não teriam caráter nem identidade. Seriam apenas luzes em cima de ‘perfeitos’ troncos de madeira polidos até à exaustão, descaracterizados, iguais entre si, uns entre muitos. Sem relação, já, com a árvore que deles cuidou, que a todos nutriu e moldou com carinhos de exceção e cujo ADN ainda lhes corre nos veios. Por isso, nós gostamos de nós. De marcas indeléveis que nos garantem que as nossas mãos tocam madeira, de sinais expressivos de que a Natureza ainda lá mora, com a graça da exclusividade de cada toro. Com todos os seus caprichos presentes. Com toda a sua excentricidade exposta. Contrariar isso seria acharmo-nos mais destros do que a árvore que assim os moldou. Como gostamos de árvores! Como gostamos de nós de madeira! Esperemos que também lhes achem graça e neles vejam nobreza e autenticidade. Que entendam este conceito incluso, de tudo aceitar e abraçar com naturalidade e de neles, os ‘defeitos’ da madeira, vislumbrar a marca registada dos nossos plátanos, dos nossos Light It Be. Pois se todos somos diferentes, porque seriam iguais os nossos candeeiros? Deixemo-los ser diferentes… como nós.

By Suju – Pixabay

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