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Escolha a sua tribo

Viajar dentro de casa

O estilo étnico é aquele que, por maioria de razões e de emoções também, mais se aproxima da economia circular de que agora nos falam e de que tanto necessitamos. Uma economia esclarecida e responsável, de desperdício zero, baseada na reciclagem, no fabrico manual, na reutilização de materiais, na rejeição de processos de fabrico dispendiosos e em massa. Que olha tudo com a particularidade do local, que aproveita tudo aquilo de que naturalmente dispõe ao seu redor e ainda reaproveita sobras da sua atividade ou de outras vizinhas. São as fibras tecidas manualmente, os objetos concebidos artesanalmente, são as mãos obreiras e a cabeça engenhosa e é ainda a capacidade inaudita e genial de conseguir antever beleza num monte de desperdícios, em madeiras velhas, em contas de vidro ou cacos de barro. Não consome mais do que o estritamente necessário e aposta na unicidade de cada criação. Na exclusividade dos pequenos erros de um fabrico que não nasce na fábrica, nas falhas que são humanas, nos próprios caprichos e irregularidades dos materiais.

A perfeição resulta da beleza e do inesperado e não da lisura de superfícies plásticas e artificiais. Aceitam-se as rugas do rosto de quem manuseia as matérias, os nós da madeira e a inconstância da métrica. Há um ritmo próprio no estilo étnico e tribal. Há uma identidade muito própria e há nela, acima de tudo e antes de tudo o resto, um respeito intrínseco pela Natureza, pela distração humana, pelo detalhe imprevisto e inesperado que mais não soa do que a gargalhada e improviso. Os defeitos aceitam-se ou reparam-se, mas não são balizamento nem servem de escrutínio de rejeição de uma peça, de um artefacto. O étnico não mata, não abate nem polui em nome do design, nem da necessidade. Contorna obstáculos e não se incomoda por ter de se sujeitar às cores e tonalidades que o meio ambiente lhe disponibiliza. Por isso, o étnico é criativo e local e basta olhar cores, formas, padrões, materiais e estratégias de manufatura para viajarmos diretamente para os locais onde percebemos que foram feitos. O tribal não é apenas africano, mas este será, por certo, aquele que com mais força e assertividade sublinha tudo aquilo que aqui dizemos.

As cores vêm da paisagem

O étnico pinta-se das cores da paisagem onde nasce, molda-se às mãos de quem faz e adapta-se a qualquer lugar fora dali, porque a sua estética e a sua mensagem são mais fortes do que raízes de liana e a tudo se prendem com graciosidade e com ares de arte. O ritmo tribalista salta do preto para o branco e volta de novo ao fiável preto, alonga-se em amplas nuances de bege, reproduz as tonalidades da terra, todas sem exceção, e ainda as do pelo e plumagem dos animais e da vegetação autóctones. É rico em padrões, uma forma atrevida de driblar a falta de pigmentos ou simplesmente de ver cor onde ela escasseia. O elogio e respeito por tudo aquilo que nos rodeia não devia vir apenas da savana ou da floresta, do deserto ou das paisagens gélidas, onde os rigores do clima e a vastidão dos quilómetros tornam mais notória a presença, ou a necessidade, de divindades e mais arguta a capacidade inventiva da mão. O étnico vê beleza em tudo e limita-se a tentar pintar nos objetos aquilo que a paisagem já traz. Aquilo que a Natureza nos faz ver por dentro. Daí advém a sua identidade inequívoca e a sua originalidade. Porque aos olhos do étnico, tudo tem serventia, tudo é bonito e prestável.

Simplicidade e singularidade

O estilo tribal une, com destreza e arte, função e estética, necessidade e luxo. Por isso, falar de estética tribal é sinónimo de falar de Natureza, de meio ambiente e de respeito pelos ecossistemas. No tribal, o Homem e as suas criações são parte integrante de algo maior e mais importante, porque cada indivíduo se sente parte integrante de tudo aquilo que o rodeia e não arvora para si um lugar central e narcisista. As madeiras são toscas, mas ornamentadas, as tapeçarias têm texturas ricas e padrões labirínticos, as cerâmicas são honestas e rudimentares, mas todas as características se assumem com tanta naturalidade e orgulho que parte da magia vem desse encontro, resulta dessa leitura interior. Sim, a maior beleza reside nos olhos de quem aprecia, na valorização que faz dos materiais usados, do respeito pelo entorno que cada pela denota, no apreço pela mão, ela própria reinventada, no processo de inventar e criar. No estilo étnico tudo se aproveita e reinventa. Por isso é tão apetecível e reconfortante. Tanto quanto a mensagem que transmite e nos deixa a certeza de que criar não é destruir. Criar é entrar no ciclo natural das coisas, é inventar soluções e apresentar resultados, neste caso, resultados bonitos, escritos numa gramática reciclável, com caracteres de autor. Colado ao tribal, ou étnico, chega-nos um olhar puro e fresco, que não descura materiais, não rejeita possibilidade nem vê desprimor em resíduos ou desperdícios. Um pouco, assim acreditamos, como os nossos candeeiros de madeira natural Light It Be, nascidos de madeira de plátano sem préstimo, e criados com a paixão de quem vê nascer coisas das suas próprias mãos. Sem grandes artifícios, ou vãs aspirações, apenas simplicidade e singularidade.

Fotografias – Light It Be e Pinterest

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