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Como é que sabemos que o Natal está a chegar? Muito simples!

O campo dispensa relógios, por ele já é um instrumento de precisão. Mesmo sem agenda ou calendário, digitais ou analógicos, a Natureza sabe sempre a quantas anda. Assinala o outono, a sua sede de arrumação. Varre as folhas das árvores, lava a terra com a chuva, renova guarda-roupas em flores e plantas, prepara a casa para o frio e a ventania organizando tudo no devido lugar e despojando-se do que já não faz falta. Concentra esforços no estritamente necessário, sem excentricidades primaveris, nem saturações estivais. Limita-se a um refrescante retiro de não menor azáfama e tudo orienta com mão sábia.

Porém, a Natureza é vaidosa e profícuos os seus recursos. Não deixa uma única estação sem os seus devidos ornamentos, sem a coloração adequada, sem um fato de cerimónia ou um pouco de maquilhagem. Por isso, estando atento, sabe-se sempre, com rigores de relojoeiro suíço, quando o outono se prepara para dar lugar ao inverno e, com a sua entrada deste, quão poucos dias nos separam do Natal. O pisco-de-peito-ruivo é o primeiro a chegar, logo em outubro. Ainda a consoada está longe e já ele se ajeita no seu chalet de inverno na convidativa atmosfera mediterrânica, fugido que vem dos rigores do Norte. Depois da sua chegada, quase sem darmos por isso, e já o campo nos informa da proximidade de dezembro, exibindo, quase do dia para a noite, os seus enfeites festivos. São as explosões de cogumelos, as bagas silvestres, os medronhos que chegam amarelos e se tornam vermelho-vivo, são as azeitonas que urge colher, os pseudofrutos da rosa-canina, os brincos arroxeados do ligustro, os elegantes e coloridos botões de punho da gilbardeira, a fiadas de contas da murta, os ninhos de bagas vermelhas do azevinho e de tantos outros arbustos que não se encantam com veraneios, preferindo a clarividência do inverno.

Já provámos as romãs!

Pelo meio encurtam-se os dias, escurecem as águas e agita-se o mar, dá-se voz ao vento, aceleram-se, mas abreviam-se as tarefas, protegem-se os animais, fazem-se compotas com os frutos do verão e aquieta-se o coração para a possível tempestade. Tudo num sossego que se vive no calor da lareira ou no corrupio de compras e embrulhos, porque dar é bem melhor do que receber. Anúncios claros de mudança e renovação, de família e lar, tão próprios dos meses frios.

Por cá, na oficina onde se dão à luz os candeeiros Light It Be, o mais claro sinal de que o Natal dista apenas algumas semanas – chegado o pisco e colhidas que já foram as azeitonas –, é dado pela romãzeira, pronta a ceder os seus generosos frutos, onde, num orgânico labirinto e com delicadezas mil se arrumam uma infinidade de bagas escarlate. Pois é, por aqui, sabemos que o Inverno, o frio e o Natal não tardam quando há romãs no pomar. Pois elas já foram colhidas (e este ano são gigantes!). Também o sabemos por estarmos a voltar em força à laboriosa oficina, onde produzimos artesanalmente os nossos candeeiros Light It Be, depois de semanas – enquanto o tempo o permitiu – a tratar madeiras para as produções de inverno. Um trabalho que exige dias longos, temperaturas amenas, clima seco e ar livre.

Céticos, de novo o Ambrósio e ainda o Borda d’Água

Os céticos, extremados na sua visão cáustica do universo, podem, com alguma indiferença ou humor, dizer que todos sabemos que o Natal não tarda quando o Ambrósio regressa ao seu tradicional trabalho de inverno em anúncios televisivos, onde predomina o amarelo e elegantes capelines. Mas esse é outro Natal. Nós preferimos aquele que se veste com a sofisticada simplicidade de bagas coloridas. Verdadeiras joias preciosas na despojada paisagem do Inverno, tempo de perdição para cedros pinheiros e todas as árvores de folha persistente. Um Natal que chega na hora certa e se anuncia com assertiva resiliência e com bagas e frutos coloridos, tornando mágica a paisagem invernosa e a sua, apenas aparente, falta de vaidade.

Por fim, uma palavra de apreço e esclarecimento, para dizer que não renegamos a doçura anunciada pelo Ambrósio nem queremos tirar o lugar ao sábio Borda d’Água. Num mundo imperfeitamente perfeito há lugar para todos e para todos os saberes e sabores, incluindo o da original e natalícia romã.

By Light It Be

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