Dizem-nos que a perfeição não existe, que é uma quimera, um lugar distante e inatingível, romanceado e fantasioso. Um sítio inalcançável, de tão distante e irreal. Pois nós acreditamos que do longe se faz perto e entendemos que a perfeição existe, sim senhor, e é… imperfeita. Imperfeita na sua perfeição e perfeita na sua imperfeição. Não é lugar de exatas simetrias, nem de ausência de acasos, nem de grau zero de imprevistos e improvisos, menos ainda uma qualquer rigorosa e acética paisagem. Porque a perfeição é um sentimento maior e tudo aquilo que palpita no nosso peito como sendo perfeito é bem real.
Mas somos inclusivos e abraçamos quem pensa diferente. Podemos considerar, por exemplo, que aquilo que tendencialmente designamos por perfeição, mais não seja do que… equilíbrio. Equilíbrio é quando o diálogo que se estabelece entre todos os elementos presentes num local, numa pessoa, numa coisa ou sentimento, resultam em emoções de tal forma agradáveis e harmoniosas que geram a perceção de que tudo está no lugar certo, na medida exata, na hora desejada e com a intensidade necessárias, ainda que estejamos claramente na presença de falhas, erros, esquecimentos, assimetrias e outros lapsos calamitosos. Aí reside exatamente a mágica ilusão da perfeição. Ela sabe como reunir numa partitura mesmo as notas dissonantes, servindo-se de tudo para criar harmonia e beleza.
Esse equilíbrio – ou perfeição – tanto pode nascer de uma despojada estética minimalista, como de um louco estilo boémio ou de um bem conseguido humor kitsch, ou qualquer outro género que pode ir do clássico ao contemporâneo. Não importa. Isto porque qualquer linguagem pode servir o equilíbrio, mesmo a mais desequilibrada, ou irrequieta, aquela que, aqui e ali, vai mudando de registo, num propósito claro de distrair a nossa atenção, e salpicando uma paisagem de inesperadas surpresas – o tão desejado fator Uau!.
Imaculada decoração
Importante é que o somatório de tudo crie harmonia, bem-estar, o tal equilíbrio. Para que tal aconteça, para que a comunicação entre elementos seja audível, para que se criem laços e suscitem sentimentos que nos impelem a regressar há que usar da única massa verdadeiramente consistente: o amor. Não somos pirosos, acreditem, mas é verdade. Uma casa, um ambiente, um grupo de amigos, uma viagem… só é acolhedor, só transmite paz, só proporciona gargalhadas e lágrimas, só nos mima e protege graças ao uso, à luz que projeta sobre as coisas e os acontecimentos, ao colo sempre pronto, à crítica sempre certeira, às birras e aos amuos e a tudo o mais que acaba por nos ligar afetivamente ao que quer que seja. Uma imaculada decoração, isenta de defeitos, equilibrada, perfeita é, para nós, aquela que nos fala ao coração e aos sentimentos. Aquela que coloca perante os nossos olhos aquilo que mais gostamos de ver, aquilo que mais nos apetece sentir. Pode não ter peças caras, ou pode só ter objetos de arte de enorme valor, pode preferir o sintético ao natural, pode tudo, na verdade, desde que reflita aquilo que somos, aquilo de que gostamos, da forma como o apreciamos e que saiba receber bem aqueles de quem gostamos. Isso, sim, é um bom ambiente. Um ambiente cosy e apetecível, onde é bom regressar para descansar ou onde é perfeito abrir as portas e celebrar. Um ambiente onde nos recolhemos em silêncio ou onde cantamos e dançamos em modo non-stop. Um ambiente com luz e iluminado, onde ao mundo lá fora só podemos dizer “Let it be”, ou será antes Light It Be?
Acendam-se as luzes
Porque ainda só agora nos conhecemos, gostávamos que entendesse que não há estilos, nem casas, nem modos de vida que não mereçam uma boa luz. Uma luz do tipo transformador. Que tanto é um utilitário, como uma peça decorativa, que tem tanto de rústica, como de cigana, de contemporânea ou qualquer outro adjetivo. Dentro ou fora da harmonia pré-existente, fundindo-se nela ou dela se destacando. Uma luz que pode ser uma aposta segura e tranquila, ou um belo sobressalto. Uma luz capaz de reinventar toda uma sala e promovê-la a outra divisão, uma luz-árvore que dará sentido às linhas de um livro ou ao beijo de um novo amor. Acreditamos, sem reservas, que os nossos candeeiros dão luzes dessas. Perfeitas, portanto!
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