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Black Friday em 3, 2…1

Tudo começa no peru

Já em contagem decrescente para a Black Friday, a mais aguardada sexta-feira do ano, aquele dia que alarga sorrisos no rosto de lojistas e consumidores, decidimos investigar tudo sobre a origem e história do maior dia de promoções anual e que simbolicamente dá início à época de compras de Natal. São várias e curiosas as teorias apontadas como estando na origem do nome Black Friday ou, em bom português, Sexta-feira Negra. Aquilo que reúne consensos e não suscita dúvidas é que surgiu nos Estados Unidos da América e que se refere à sexta feira imediatamente seguinte ao Thanksgiving Day – Dia de Ação de Graças, feriado norte-americano que tem lugar a cada quarta quinta-feira do mês de novembro, no qual tradicionalmente se reúnem as família em torno de uma refeição de peru. Logo depois do ‘assalto’ ao peru, dá-se o assalto aos saldos, com alguns preços a baixarem 90% e a justificarem longas filas à porta das lojas. A loucura é de tal ordem que já há lojas a abrirem apos o jantar de Ação de Graças. Por um lado, lojistas ansiosos por faturar, do outro, consumidores ávidos por conseguir obter artigos de desejo a preços escandalosamente mais acessíveis. É a chamada win-win situation, num dia que chega a ser caótico.

A teoria do ouro num dia fatídico

Com algum rigor, há quem aponte o dia 24 de setembro de 1869 como sendo aquele que cunhou o termo Black Friday. Uma sexta-feira negra no mercado de valores norte-americano, que caiu a pique após uma manobra especulativa de dois ambiciosos financeiros que negociavam em ouro, Jay Gould e Jim Fisk, dando início a uma crise financeira e ao colapso de grandes e pequenos investidores e cujo impacto varreu todos os setores e se alastrou por todo o país. Cenário mais negro do que este é difícil. Dia 24 de setembro de 1869 era uma sexta-feira, claro.

A teoria cromática do lucro

Um outro pedaço de história assenta os alicerces da Black Friday numa escala de cores. Não por mera recreação cromática, mas porque era a vermelho que os comerciantes registavam as suas perdas e a preto que assinalavam os seus lucros. Muitas vezes, só no dia após o feriado de Ação de Graças, altura em que oficialmente se iniciava o período de compras natalícias, é que as contas deixavam a tinta vermelha e se instalavam na zona preta dos registos, ou seja, acima da linha de prejuízo, passando a sinal positivo. O lucro, neste caso, pintava-se de preto e aquilo que podia ter uma leitura pejorativa, significava, afinal, que após um ano a negativo, a contabilidade voltava ao desafogo na véspera do Natal, logo na sexta-feira após o feriado familiar. Uma subida de nível que se ancorava na época de descontos e na corrida aos presentes de Natal.

Filadélfia, futebol, alguma loucura e trânsito caótico

Longe das ambições bolsistas de Wall Street, em Nova Iorque, e já mais perto dos nossos dias, há quem determine como estando na origem do termo Black Friday, a terminologia da polícia da cidade norte-americana de Filadélfia. Perante as filas de compradores frente às lojas, o caos do trânsito nesse dia e as loucuras cometidas por todos os fãs de saldos, para serem dos primeiros a chegar às lojas, aos melhores artigos e aos mais apetecíveis descontos, a polícia local referia-se ao dia seguinte ao feriado de Ação de Graças como sendo a sexta-feira negra. Um fenómeno que não passou despercebido à imprensa, a qual passou a reportar, anualmente, os eventos desse dia, mostrando imagens da verdadeira corrida aos saldos, que leva pessoas a pernoitar à porta das lojas em filas que circundam vários quarteirões, a lutar por um artigo e a entrar em loucuras de vida ou morte para chegar primeiro ao melhor desconto. Chega a ser caricato, mas o mercado – esse ser abstrato de todos os rostos e de rosto nenhum – agradece, bem como agradecem os consumidores profissionais da Black Friday, verdadeiros garimpeiros e pechinchas.

Porque razão esta invasão de compradores era mais notória em Filadélfia, ao ponto da polícia ter criado um nome para designar um dia de calendário normal, é uma boa pergunta. A resposta prende-se com uma partida de futebol. No sábado imediatamente após o feriado do Dia de Ação de Graças, a cidade acolhia um clássico do futebol americano no qual se enfrentavam as equipas da marinha e do exército. Adeptos, turistas e compradores aproveitavam a ‘folga’ de sexta-feira (um dia de muito baixa assiduidade no trabalho) e aproveitava para rumar à cidade e fazer compras antes do dia do jogo. A movimentação na cidade, o tráfego caótico e a necessidade de policiamento extra levaram a que, logo nas décadas de 50 e 60 do século passado, os polícias se vissem a braços com a urgência de trabalho extra e muitas horas extraordinárias. Para eles, o Thanksgiving não permitia folgas ou férias, apenas um dia extenuante de intensa loucura, que passaram a designar de Sexta-feira Negra.

Desfiles de marketing

A Black Friday está ainda intimamente ligada a outro evento, o já clássico desfile do Dia de Ação de Graças, ou desfile de Natal, que todos os anos enche as ruas de Nova Iorque e que tem o alto patrocínio dos armazéns Macy’s. Este gigante armazém lojista, decalcou um evento promovido anualmente por um congénere canadiano, o Eaton’s, que, desde 1905, organizava um desfile que dava início ao período de compras de Natal, cativando assim consumidores aos seus armazéns. Estratégias de marketing bem-sucedidas, que acabam por chamar a si o significado e protagonismo de datas importantes do calendário social ou religioso e assumem o papel de inaugurar a época natalícia. A época de compras, bem visto. Reforçam o reconhecimento e prestígio da marca junto dos consumidores, ganham a sua confiança e associam-se positivamente a datas de celebração num período manifestamente caracterizado pelo consumo.

Porque esta é uma data de oferendas, e porque oferecer e trocar presentes são também gestos de abnegação desta quadra, os consumidores agradecem, já que os descontos neste dia compensam o desconforto das lojas apinhadas e do stress em conseguir aquilo que se pretende antes de todos os outros. Por sorte, por cá ainda não se vivem episódios dignos de Youtube, onde se encontram cenas caricatas, como jovens a disputarem o mesmo vestido de noiva ou acesas trocas de olhares entre machos Alfa na secção de eletrónica.

Filadélfia – By Bruce Emmerling – Pixabay

Grande? Não, obrigado

A fim de retirar o negativismo ao termo Black Friday, e ainda porque há quem recue mais no tempo e associe a origem da designação desta sexta-feira específica à época da escravatura – era o dia em que se compravam escravos ao mais baixo preço –, em Filadélfia ainda se tentou renomear de Big Friday este megadia de saldos. Em vão. O nome Black Friday tinha pegado e já se tinha disseminado pelo resto do país. Não havia retrocesso. Com o tempo, tanto a designação, como a tradição de conceder promoções neste dia, extravasaram as fronteiras dos Estados Unidos da América para todo o continente, não tardando a atravessar o Atlântico e a chegar até nós.

Um dia que se estende por quatro

Com o tempo, e mantendo em vista a possibilidade de maior lucro, para os lojistas, e de mais tempo de descontos para os consumidores, a sexta-feira de promoções estendeu-se ao sábado, alargou-se ao domingo e avançou ainda para a segunda-feira, esta última a ganhar o título de Ciber Monday, ou segunda-feira cibernética, e com vocação exclusiva para o comércio online, onde tem morada a loja Light It Be. Um dia que se transformou numa verdadeira maratona de quatro dias de compras, a exigirem método e planeamento, a fim de não perder os melhores descontos em lojas específicas. Bem programada, é a época ideal para adquirir todos os presentes, incluindo para a casa.

Este ano, a Black Friday assenta arraiais dia 29 de novembro e dia 2 de dezembro abre os descontos das lojas virtuais. Mas isso, apostamos que já sabia. Iniciamos, portanto, a contagem decrescente para a Black Friday em 3, 2…1

By Wokandapix – Pixabay

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